DIA 20

Escrever por 21 dias…

Ontem, conversando com meu namorado no final da noite, falei: “eu já não tenho mais palavras pra falar”. No meu diário escrevi também que não tinha mais muito o que dizer.

Será que me esvaziei de tudo o que tinha?

Provavelmente não… Muito do que escrevi e falei foi sobre o que um dia eu vivi. E como ainda estou vivendo, é óbvio que ainda terei palavras para escrever.

Foi — e ainda está sendo — uma experiência. Vi como cada dia fluiu de uma forma diferente. Alguns dias foi um parto escrever; em outros, antes mesmo de sentar pra escrever, eu já sabia tudo o que seria dito. Ou, pelo menos, a sensação que queria explorar.

Alguns dias não saíram como eu queria, mas nem tudo são rosas também.

Vi como a influência externa realmente é uma influência — e como ela se mostra.

Escrever me traz uma sensibilidade muito grande para as coisas de dentro. Consigo ver de forma clara. Escrever é dar formato à ideia ou ao sentimento. Vejo como cada palavra traduz essas emoções.

Fiquei feliz em ver que algumas pessoas também se sensibilizaram, e agradeço a todas que, por um momento, pararam aqui pra me ler.

Voltando pro assunto lá do começo: vi que, de tanto escrever, minha mente começou a vagar de uma forma mais leve e profunda ao mesmo tempo.

Conseguia chegar no cerne muito mais rápido do que antes — mesmo sempre escrevendo no meu diário há anos. Acho que o fato de saber que seria algo público traz um olhar diferente.

Precisei buscar entender, além de mim, a emoção que queria demonstrar.

Não que seja um olhar crítico, mas um olhar de quem ainda não sabe o que é isso que está lendo.

Os 21 dias não tiveram um propósito maior do que escrever, então foi como uma leitura da minha mente ao longo dos dias. Dá pra ver que existem textos muito diferentes, com diversas linguagens, ritmos, intenções.

Com isso, tirando as palavras escritas, eu não tinha nada a dizer. Tanto é que foram dias silenciosos em casa. Eu não tinha — e ainda não tenho — muito a dizer além do que está acontecendo ali, no momento.

Teve um dia em que até me senti rasa, pensando: “não tenho mais nada pra oferecer”.

Dito isso, aqui estou com um blog cheio de textos enormes falando sobre várias coisas kkkkkkkkkk.

Tudo bem. Fez parte do processo. E, escrevendo agora, chega a ser engraçado. Porque, mesmo não tendo muito a dizer… já disse muito.

Teve dias, escrevendo, em que consegui ir tão fundo nas memórias e sentimentos que mal conseguia traduzir em palavras.

Em alguns momentos, precisei até não recorrer ao silêncio pra conseguir pensar — o que foi uma novidade. Normalmente, minha concentração vem justamente do silêncio.

Alguns dias, ouvi a mesma música o dia inteiro, por me proporcionar o sentimento que eu queria escrever.

No dia 10 do blog, por exemplo, falo sobre o Tim Maia. Ouvi o solo de guitarra dos Sete Mares milhares de vezes até chegar aonde queria.

No dia 17, ouvi Sade o dia inteiro — mais especificamente King of Sorrow. O violão me ajudou a sentir as folhas caindo.

No dia 13, se não me engano, foi o dia em que escrevi uma sessão de terapia exagerada da minha parte. Ouvi Sweet Dreams, da Beyoncé, várias e várias vezes, até fazer com que a ideia encaixasse com a batida da música.

Teve um dia em que escrevi sobre o silêncio — o interno e o externo.

Basicamente, eu nunca tinha conhecido essa versão do meu silêncio pra escrever.

Foi literalmente uma experiência. E, sinceramente, tô muito feliz por ter mantido minha ideia viva — e, principalmente, por ter me oferecido o abraço necessário pra cada dia.

Normalmente, no meu diário, sempre termino com agradecimentos. Então, hoje, sendo o penúltimo dia, posso começar:

Agradeço por ter me ouvido e respeitado todos os dias, escutando as vontades e dificuldades de cada momento, me permitindo conhecer ainda mais quem sou e o que tenho dentro de mim.

Agradeço todo o apoio que tive da minha rede de apoio, e por todo o carinho de quem leu algum dia e me deu os parabéns.

Fico feliz por ter conseguido me expor da forma que eu estava pensando há muito tempo — compartilhando intimidades, memórias e sentimentos.

Eu me sinto gratificada por ter tido um contato muito mais presente comigo mesma e com a minha criatividade.

E por ver que existe muito ainda a se dizer… mesmo quando não sei exatamente o que falar.

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